1OR - José Prates -  O  NATAL.   

     

      O Natal está ai batendo às portas, querendo chegar. Quando chega, vem com festas e traz alegrias porque não é um dia comum, um simples feriado, mas, uma data que se nos apresenta não apenas como o hoje, mas, nos transporta  para o passado, fazendo-nos reviver a infância inocente que esperava Papai Noel trazendo o presente dos seus sonhos.. O tempo passou, o mundo mudou, o povo mudou, mas o Natal continuou o mesmo, mostrando a mesma beleza, trazendo alegria às crianças que ainda esperam o Papai Noel trazendo-lhe o presente sonhado.   As ruas enfeitadas e iluminadas, envoltas em melodia suave, nos dizem que é Natal, seja lá onde estivermos nesse mundo de Deus, porque o sentimento é o mesmo, a data é universal, é do mundo todo, tanto faz aqui como ali. A saudação é “Feliz Natal” que soa como um hino de amor, cantado a uma só voz no universo cristão, onde o sentimento de fraternidade alimentado pela fé em Jesus está presente em cada cristão, noreando os seus atos de amparo ao irmão carente.

       O materialismo que o mundo capitalista procura imprimir nos festejos do Natal, na tentativa de voltá-los para o comércio, visando lucros financeiros, tenta destruir o seu cunho religioso presente na demonstração de fé dos cristãos, chamando de modernidade as atitudes e o comportamento ateísta dos que bandeiam para esse lado levados pelo interesse financeiro que está distante da fé religiosa. Os comerciantes esbanjam sorrisos de alegria com o aumento do consumo natalino.

       Poucos, muito poucos, lembram-se do passado. Hoje, salvo nas Igrejas Católicas, não existem mais a beleza dos presépios que mostravam Jesus na manjedoura, cercado por carneiros e vacas ali de pé, atentos àquele quadro, sem nada entenderem. Maria e José, contritos,  adoravam o Filho de Deus que se tornou carne e veio habitar entre nós para redimir o homem que se esqueceu do Pai.  Em todas as residências havia um presépio que à noite, a criançada, acompanhada dos pais, saia para visitá-los. Havia, também, as pastorinhas, meninas com trajes típicos, que saiam pelas ruas cantando hinos de louvor, enquanto atrás, vinham os meninos soltando fogos. Geralmente, na casa onde o presépio era visitado pelas pastorinhas, a dona da casa as recebia em clima de festa, com comes e bebes, fazendo a alegria da garotada. Depois das pastorinhas, mais tarde, vinham os “reiseiros”, um grupo de rapazes, também, em trajes típicos, cantando os hinos da “reisada” acompanhados por violas, gaitas e tambores. Iam às casas que lhes convidassem e ali faziam festa com danças e cantorias. Depois, iam à mesa farta em guloseimas sempre regadas a sucos e refrigerantes. Fico, então, imaginando e pergunto a mim mesmo? Por que tudo mudou ou a tudo mudaram? Difícil de responder por que nós próprios não sabemos o que aconteceu que a tudo modificou. . 
O tempo responde por todas as modificações na vida e no comportamento social da coletivida
de. No inicio do século vinte começou a surgirem transformações sociais que abalaram as estruturas da sociedade moderna, rompendo-se o fio que ligava antigas e novas gerações. A religião que mantinha o vinculo de união social, se via fragilizada por não acompanhar os avanços científicos, nem aceitar os avanços nas relações sociais, permitindo, assim, que houvesse perda na crença religiosa, fazendo desaparecer, aos poucos, alguns rituais e costumes, até então praticados pela sociedade. Dois pilares que sustentavam a sociedade há milênios começaram a desmoronar-se sob a pressão desenvolvimentista: a tradição e a fé. A ciência assumiu todo poder e materializou o sentimento social. Com a tradição desaparecendo, os costumes foram se modificando e o que existia como prova de fé, desaparece. Novos desencaixes ainda virão operando mudanças bruscas frente à atual estrutura social que ampara o homem moderno. Claro que nós não veremos nem sentiremos essas modificações, como o homem do inicio do século XX não viu nem sentiu as modificações por que passamos, nem sequer, tenha imaginado que os presépios no Natal e as fogueiras nas noites de São João fossem desaparecer

 

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