Hino em homenagem a Marinha Mercante.

Heróis da Marinha Mercante

Um só Mar uma só Marinha


 

COMBOIOS E TORPEDEAMENTO: SINAL DE ALARME.

David Aguiar Lima


Qualquer homem do mar mercante que se julgar a salvo dos tentáculos da guerra está redondamente enganado. Tão logo se estabeleça o estado de beligerância, a Marinha Mercante é convocada para serviços de guerra, o que é decorrência de sua própria organização.Ela é considerada pelo Estatuto dos Militares como reserva das Forças Armadas, e não apenas da Marinha de Guerra. Considerá-la como Força Auxiliar é apenas vontade política. Em caso de guerra sua missão principal é a de apoio Logístico às Forças Armadas, transportando tropas e suprimentos. Assim aconteceu com a Marinha Mercante do Brasil na Segunda Guerra Mundial, quando foi enquadrada na prestação de serviços de guerra pelo Decreto 5353 de 19 de março de 1943. Na terminologia militar naval, comboio é qualquer número de navios, até mesmo um só, viajando sob escolta de navios de guerra. Um comboio não é um aglomerado de navios sem qualquer formação tática. Obedece a uma determinada formação cada navio com um número e uma posição certa, todos desenvolvendo a mesma velocidade. Durante o dia , é fácil a cada navio manter-se na posição que lhes foi determi nada pela Autoridade Naval. Ao anoitecer, porém , as dificuldades surgem, e todo cuidado é pouco. Em comboios não são admitidos erros, sob risco de abalroamento, com perdas materiais e baixas humanas. A formação é chamada de trem. Na figura vemos o esquema de uma comboio formado por 12 navios mercantes escoltados por quatro de guerra. A legenda dá explica ções sobre estratégia da formação do trem. No sentido horizontal da figura temos uma Linha , e verticalmente uma Fila, sendo essa a ordem de lelitura (linha, seguida de Fila). Essa ordem é fundamental para a emissão do sinal de alarme que o navio torpedeado deve emitir. O sinal é codificado , compondo-se do seguinte: 1) Código do aviso de torpedeamento; 2) Código do comboio; 3)Linha e Fila que o navio torpedeado ocupa. Esse sinal de alarme é obrigatório para que todos os navios sejam avisados, e o que é importânte , para que o navio que segue à ré (popa) do torpedea mento manobre imediatamente, evitando abalroar o que foi atingido. O tempo necessário para isso é curtíssimo: quinze segundos. Essa exiquidade de tempo é indispensável, pois a velocidade dos comboios da atualidade será de 12 nós (12 milhas náuticas por hora), ou talvez mais.

FORMAÇÃO DO SINAL DE ALARME.

Essa formação do sinal de alarme foi a adotada na Segunda Guerra, sendo pro vavelmente modificada numa eventual conflagração ou guerra localizada. Logo que for torpedeado, o navio atingido deve emitir prontamente o sinal de alarme. Referindo-nos ao desenho, consideremos que o navio torpedeado foi o I. O sinal será formado desse modo: SSS Sinal de torpedeado ASD Código do Comboio Posição no trem. Ou seja: SSS ASD 33. Para maior velocidade de emissão, o sinal será aglutina do:SSSASD33. Na Segunda Guerra , o sinal de torpedeamento e o código do comboio eram perio dicamente mudados, para evitar qaue o inimigo emitisse alarmes falsos, uma vez tendo ouvido a combinação.



ERRO PRESENTE E CONSEQUÊNCIAS FUTURAS

Comete-se na atualidade o grave erro de desativar a radiotelegrafia através do Código Morse na radiocomunicações em geral, até mesmo nas emergências. No futuro, iremos nos deparar com a necessidade de reativá-las. Com essa desati vação, extiguimos a especialidade de radiotelegrafia... e ouvidos adestrados para a velocidade necessária para receber ou transmitir os sinais de alarme (25 palavras/minuto)não se fazem em curto prazo, é necessário quase um ano de treinamento. Será que vamos esperar que a adversidade nos bata às portas para só então formar o homem ?...

O autor deste artigo, David Aguiar Lima, é Oficial de Marinha Mercante do Brasil na especialidade de Radiocomunicações. É Ex-Combatente da Segunda Guerra Mundial. É formado pelo Curso de Formação de Comboios do COMCONTRAMAR, Curso Expocontram. Foi condecorado com a Medalha Naval de Serviços de Guerra no gráu máximo, de tres estrêlas. É professor técnico de 2 grau e Instrutor Coordenador de Cursos do Sindicato Nacional dos Oficiais de Radiocomunicações da Marinha Mercante.

 

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